COMUNICADO
As trinta empresas fabricantes de software de gestão, em representação de muitas centenas de outras, que lutam nos tribunais pela reposição da legalidade no que à comercialização do software TOCOnline pela OCC diz respeito, decidiram, por unanimidade, não aceitar participar no espaço de exposição anunciado pela organização do VI Congresso dos Contabilistas Certificados. Esta decisão é suportada em critérios de coerência com a luta que os fabricantes têm levado a cabo nos tribunais portugueses, por um lado, e, por outro, por um conjunto de iniciativas promocionais relativas ao TOCOnline que a OCC tem levado ao terreno, contrariando promessas de equidade de tratamento feitas pela sua bastonária.
Hoje assistimos a um comportamento inaceitável da Ordem, desde logo na pessoa da sua bastonária, um comportamento que não se coaduna com quem deveria representar os interesses de uma vasta comunidade de profissionais que utilizam mais de duzentos softwares de gestão em Portugal e que veem os seus fabricantes preferidos perderem em muitos casos espaço de crescimento. Uma bastonária que se comporta como uma diretora comercial de uma software house nuns casos e, em outros, como uma responsável do departamento de suporte dessa mesma software house.
Os fabricantes de software são empresas que integram nos seus quadros muitas dezenas de contabilistas certificados. São também empresas que lidam com milhares de escritórios de contabilidade. Mas o maior número de contabilistas certificados com que os fabricantes lidam estão seguramente em empresas de média e grande dimensão suas clientes. Assiste-nos desta forma o direito de opinar sobre o posicionamento de uma ordem profissional que parece dedicar-se em exclusivo a uma parte dos seus associados, preterindo os interesses daqueles que não trabalham no setor dos escritórios ou gabinetes de contabilidade.
Por outro lado, é hoje comentado de forma aberta, que algumas das pretensões da OCC relativamente a assuntos da maior importância e que interferem com o desenvolvimento do setor e do tecido empresarial português, seja resultado não daquelas que seriam as melhores decisões para a profissão e para o país, mas sim do nível funcional oferecido pelo software da Ordem em determinado momento. Em quase quarenta anos de microinformática os fabricantes não percebem o porquê de tantos pedidos de adiamento para entrega de esta ou aquela obrigação, de tanta confusão instalada entre aqueles que deviam apenas e só regular uma profissão e aqueles que têm como responsabilidade legislar em prol da modernidade.
Nesse sentido, os fabricantes gostariam de observar uma maior separação entre os poderes de quem tem que regular uma profissão e aqueles a quem cabe legislar em prol de uma maior automatização e transparência das contas públicas apresentadas pelos contribuintes e pelo tecido empresarial.
Os fabricantes lamentam o estado de caos vivido por parte significativa dos contabilistas certificados e que é transmitido pelas suas opiniões em blogs da Ordem ou nas redes sociais. Uma sensação de desespero ao qual não é alheia a falta de um acompanhamento próximo e estruturado que centenas de empresas informáticas, com dezenas de anos de experiência e conhecimento, davam e deixaram de dar a milhares de pequenos contabilistas certificados que optaram por uma ligação direta à Ordem, perdendo esse apoio próximo e tão importante.
A OCC é uma instituição de caráter público que encomendou a uma empresa particular, a Cloudware, sem qualquer concurso público e como tal de forma totalmente ilegal, o software que entendeu comercializar posicionando-se como mais uma Software-House. A Cloudware dedica-se praticamente em exclusivo ao software TOCOnline. Uma empresa com 13 funcionários, que apresentou em 2017 um volume de negócios de 1.610.325€, um EBITDA de 987.274€ e resultados líquidos de 716.812€ (dados da Informa DB). Um resultado que empresas com mais de dez anos a operar no segmento do TOCOnline alguma vez sonharam atingir.
Este é o resultado de uma estratégia concertada, assente numa visão uniformista, que já prejudicou a indústria de software empresarial portuguesa em milhões de euros. Os Fabricantes Lesados continuarão a combater nos tribunais e nas instituições de caráter regulatório este estado de sítio caricato e muito exclusivo de toda uma forma de estar, bem portuguesa, no que refere ao respeito da lei por parte de alguns organismos de caráter público, como é o casso da OCC.
Em 27 de Junho de 2019
PRIMAVERA, PHC, ARTSOFT, CENTRALGEST, ETICADATA, OLISOFT, PROTOTIPO e MOLONI